A administradora Tatiana Ulhoa conquistou a segunda colocação no concurso da Fundação Universidade de Brasília (FUB), homologado no último dia 26 de dezembro. A nomeação dela e dos demais aprovados dentro do número de vagas será no próximo dia 27 de janeiro. Casada e mãe de Anna Luisa (14) e Anna Giulia (8), ela conta como foi sua trajetória até a aprovação e como foi sua luta diante de tantos desafios impostos a quem decide se tornar servidor. Durante os quatro anos em que Tatiana se dedicou a esse objetivo, foram muitas as dificuldades financeiras e emocionais enfrentadas. No entanto, seus esforços foram recompensados. “O sabor da vitória é maravilhoso! Ver seu nome no topo da lista é muito prazeroso”, comemora. Aos colegas de caminhada, Tatiana aconselha: Nunca desista de seus sonhos!”. Veja a seguir como foi sua caminhada até a aprovação.
Até 2009, Tatiana trabalhou na iniciativa privada. Atuou em cargos gerenciais em empresas multinacionais como Nokia, Claro, Visual Presence, entre outras. Durante o período, contou com bons salários, treinamentos, viagens, convenções e uma boa rede de relacionamentos. Tudo ia bem até que ela se deparou com uma realidade comum para quem trabalha na iniciativa privada: uma demissão de cunho político. “O presidente da empresa precisava ajudar a filha de um amigo”, conta Tatiana. Ela decidiu então pela estabilidade que somente o serviço público pode proporcionar. “Como a maioria das pessoas que resolvem seguir por esse caminho minha decisão foi motivada pela dor, mas cheguei a pensar que seria fácil”, comenta. Ela contava com algumas economias e o apoio de seu marido, Ronay, para se manter durante o tempo em que se dedicaria exclusivamente aos estudos.
Como sua formação é em Administração de Empresas, Tatiana procurou focar em concursos para a área administrativa. Em junho de 2009, ano de muitos concursos, ela começou sua jornada de concurseira e chegou a pensar que essa fase seria por um curto período. “Fazia cursinho pela manhã, revisava a matéria na parte da tarde e à noite, muitas vezes, virava a madrugada estudando. Porém aprendi que qualidade não significa quantidade, o conhecimento vem com o tempo”, conclui. Ela lembra que em seu primeiro dia de aula em um curso preparatório, o professor de Gramática ensinava que para achar o sujeito da oração basta perguntar ao verbo ‘o quê’ ou ‘quem’. “Pensei comigo: Meu Deus como vou achar o verbo? Comecei do menos 50”, conta.
Então, Tatiana decidiu que naquele ano se dedicaria com total afinco ao seu objetivo. “Cheguei a fazer duas provas no mesmo dia. Acredito ter feito mais de 60 concursos em 2009. Só do Cespe foram mais de 30 concursos”, contabiliza. Para se ter uma ideia, Tatiana fez todos os concursos para ministérios abertos naquele ano: MDS, Mdic, MJ, MF, MC, MT e ME. “Consegui algumas aprovações, porém nenhuma dentro do número de vagas”, lamenta.
Em 2010, Tatiana resolveu focar seus esforços em um órgão específico: o cobiçado MPU. Na época, ela teve que lidar com a dor da perda de sua avó a quem considerava como uma mãe. “Recebi a notícia na sala de estudos. Mesmo assim não desisti e consegui fazer a prova. Minha classificação foi 5.679ª. Não tinha a menor chance de ser chamada, mas fiquei muito feliz por ter vencido mais uma luta, e essa foi dura”, lembra Tatiana.
Nos dois anos seguintes, 2011 e 2012, uma quantidade menor de concursos foram lançados. Tatiana percebeu que a conquista de seu objetivo de se tornar servidora pública seria mais difícil do que ela imaginava. “Aproveitei para aprofundar o conhecimento nas matérias mais comuns aos cargos administrativos”, conta. Mas as dificuldades não se resumiam à escassez de concursos no período. Em 2011, o marido de Tatiana perdeu o emprego e com o passar do tempo o dinheiro das suas economias acabou. “Com isso tive que dispensar empregada, vender o meu carro e abrir mão de todo tipo de despesa desnecessária. Para seguir com o meu objetivo, passei a cuidar da casa, levar as minhas filhas de ônibus para escola e apertar ainda mais o cinto”, relata.
Em sua nova rotina, Tatiana tinha que conciliar os estudos com as atividades de dona de casa. Pela manhã ela cuidava dos afazeres da casa e orientava suas filhas com as tarefas da escola. À tarde, levava as filhas para o colégio e ia à biblioteca para estudar. No final da tarde buscava as filhas e, já em casa, preparava o jantar para a família. À noite, estudava por mais algumas horas, concentrando-se na resolução de exercícios.