Por dentro do instituto: Como é o trabalho dos servidores do INSS

Saiba um pouco mais sobre o INSS, sua atual política de modernização e conheça o órgão ‘por dentro’. Veja também o depoimento da Analista do Seguro Social Maria das Dores Magalhães de Almeida (Dora) e saiba como é sua rotina no órgão.

Inscreveram-se no concurso do INSS, nada menos do que 164.209 candidatos para disputar pelas 300 vagas para o cargo de Analista do Seguro Social. Após a anulação das provas aplicadas em 13 de outubro pela Funrio, organizadora do certame, por problemas técnicos durante a aplicação das avaliações, os candidatos foram convocados para novas provas que serão aplicadas na provável data de 9 de março.

Incluídas as gratificações e os benefícios, o salário inicial para o cargo é de R$ 7.147,12. O novo concurso é parte de ação de recomposição do quadro de servidores do INSS.

O INSS

Ao longo dos últimos anos o INSS vem se dedicando à tarefa de acabar com aquelas que eram consideradas a imagem da ineficiência no serviço público brasileiro:** as filas nas portas das agências. Foram desenvolvidas ações como a redefinição de todo o modelo de atendimento e a realização de investimentos em capacitação de pessoal, modernização do parque tecnológico e desenvolvimento de novos sistemas corporativos. Novas agências, centrais de atendimento remoto e serviços com hora marcada são alguns exemplos das ações de modernização do instituto.

Após essa etapa, o desafio da gestão passou a ser o aprimoramento do modelo para que o INSS deixasse de ser visto como uma autarquia ineficiente, burocrática e distante do segurado. Para tanto, medidas gerenciais, inovações tecnológicas e de infraestrutura, ações de reposição e capacitação do quadro de servidores vêm sendo implementadas. Esses investimentos visam garantir o alinhamento estratégico do INSS, que é hoje a autarquia pública de maior capilaridade do país, com mais de 1.500 unidades de atendimento, distribuídas em todo o território nacional.

O instituto conta com aproximadamente 40 mil servidores para prestar atendimento presencial aos quase quatro milhões de cidadãos que procuram as agências mensalmente. Além do atendimento presencial, o INSS atende, ainda, uma demanda de mais de 6 milhões de ligações telefônicas mensais – quase 68 milhões por ano - por meio das Centrais de Tele-atendimento, o 135, localizadas em Caruaru (PE) e Salvador (BA).

##Expansão da rede
A Previdência Social paga mensalmente mais de 30,5 milhões de benefícios que correspondem a um montante de aproximadamente R$ 26,6 bilhões**. Para tornar o atendimento mais eficiente, a Previdência investe atualmente no Projeto de Expansão da Rede de Atendimento do INSS (PEX). O projeto consiste na ampliação da rede de agências de atendimento presencial, inclusive os atendimentos referentes aos requerimentos de benefício por incapacidade, que exigem a presença do segurado e que representam mais de 50% dos benefícios requeridos na Previdência Social.
De acordo com interlocutores do instituto, é essencial investir na diretriz de interiorizar e descentralizar a rede de atendimento, ampliando o acesso aos serviços para 30% do total de municípios brasileiros. Em termos práticos, a ampliação deve possibilitar o acesso aos serviços previdenciários a mais 30,8 milhões de brasileiros que não necessitarão deslocar-se aos grandes centros para obter atendimento. Desde 2011 mais de 200 novas unidades já foram inauguradas e estão em pleno funcionamento.

Outra ação que tem sido implementada pela Previdência para se tornar mais eficiente é a recomposição do quadro de servidores do INSS.** Desde 2011, houve a autorização para o provimento de mais de 5 mil vagas através da realização de concursos públicos.** Essas vagas contemplam Técnicos e Analistas Previdenciários, Peritos Médicos e Assistentes Sociais, para atuar nas unidades de atendimento.

##Inclusão Previdenciária
O volume de recursos que os pagamentos de benefícios da Previdência Social geram são superiores aos do Fundo de Participação dos Municípios em mais de 66% das cidades brasileiras. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a Previdência protege hoje a 70,7% da população. O objetivo, no entanto, é chegar a 77 % de cobertura previdenciária, até 2015. Para isso, algumas ações como a inclusão da dona de casa de baixa renda, que contribui com 5% do salário-mínimo (R$ 33,90), o empreendedor individual e o segurado facultativo foram implementadas nos últimos dois anos.


A ROTINA DE UMA ANALISTA
A Analista do Seguro Social Maria das Dores Magalhães de Almeida (Dora), vive em Brasília desde 2008. Natural do Piauí, Dora tem três graduações: Psicologia, Psicologia da Educação e Pedagogia. Atualmente ela cursa Pós Graduação em Neurociência e já é pós-graduada em Administração e Supervisão Escolar e Saúde Mental.

Dora conta que desde que ingressou em seu primeiro curso de graduação, sempre achou que iria trabalhar numa grande empresa. “Minhas escolhas de fato me levaram a este lugar. O INSS é uma grande organização, com um grande papel social. Perfeito!”, comemora. Ela foi aprovada para o INSS no concurso de 2008, organizado pelo Cespe-UnB.

Para Dora a adaptação foi um desafio. “Mudei de cidade, de atividade, de amigos e sabia o que eu podia oferecer ao INSS, mas não sabia o que, de fato, o INSS podia me oferecer a título de interação e atividade,” relata. “Como ninguém me conhecia, precisei ter muita paciência e persistência e fazer das minhas atitudes um referencial para as pessoas. Mas afinal, o respeito e confiança não devem ser impostos, devem ser conquistados. Aos poucos esta conquista foi se estabelecendo”, completa. Ela ressalta que que o apoio dos colegas de trabalho foi algo importante para sua chegada e permanência no instituto. “Como é para a maioria das pessoas que ingressam numa nova instituição”, observa.

Desde a posse, Dora atua como Analista em Gestão de Pessoas. Ela conta que suas atribuições são bem variadas: elaboração de projetos de melhorias de Agências da Previdência, atuação em atividades referentes à saúde dos servidores e pareceres psicológicos, além de assessoria ao Serviço de Gestão de Pessoas e ao Superintendente Regional no que se refere às demandas das ações educacionais / motivacionais. Para ela a principal motivação para o trabalho no instituto é o vasto campo para aprender e contribuir. “Nossa missão é prestar serviços de excelência à sociedade no que diz respeito ao reconhecimento de seus direitos”, afirma.

De acordo com Dora, a superintendência na qual ela atua tem um ambiente favorável à execução do trabalho. “Aqui acontece um fenômeno interessante: não há barreiras hierárquicas entre superintendente, servidores (gestores e não gestores) e terceirizados. É uma demonstração de maturidade e profissionalismo”, conta. “Tenho liberdade para criar, propor, discutir, criticar, sugerir e isso me incentiva a sempre procurar fazer o que precisa ser feito da melhor forma possível”, diz. Perguntada sobre qual contribuição gostaria de deixar, ela afirma: “O conhecimento registrado e a referência de seriedade e responsabilidade no trato com o patrimônio público.”

Entre os benefícios do INSS destacados por Dora, estão a promoção da Educação Continuada e o Programa de Qualidade de Vida e Acessibilidade para os servidores. “Temos o programa de bolsa de estudos e cursos internos e externos”, conta. “Porém penso que um programa maior de políticas para o servidor, é uma área que precisa se expandir e avançar muito”, completa.

Aos aprovados pelo próximo concurso, Dora aconselha: “Ninguém consegue ser um bom servidor se não for antes um bom ser humano. Cuide de seus valores, estude, tenha atitude de respeito e probidade, comprometa-se com o trabalho, seja agregador. Se tiver paixão pelo que faz, maravilha! Se não tiver, dentro do que não gosta procure algo de que goste, que possa melhorar, que justifique sair de casa todo dia”.

##Preparação
Dora foi aprovada para o INSS no concurso de 2008, organizado pelo Cespe-UnB. Para ela, o interesse pelo conhecimento e o consequente hábito de estar sempre estudando ajuda tanto em concursos como na vida profissional. “Sempre estou estudando. Nunca fiz curso preparatório para concurso, precisei trabalhar muito cedo, cuidar da minha formação acadêmica não me permitiu estudos sistematizados para concursos. Mas tenho grande fascinação pelo conhecimento e isto me favorece”, explica.

Dora não estudou especificamente para concurso do INSS. Apesar de achar importante que as pessoas se dediquem ao concurso ao qual almejam, ela confessa que não foi o caso dela. “Minha estratégia é estudar para aprender. Somente titulação não me satisfaz. Preciso ser a cada dia uma pessoa melhor. Pra mim a aprovação num concurso é uma consequência agradável disso tudo”, observa. “Mesmo quando não há nenhum concurso aberto. Nenhum conhecimento é desprezível, em algum momento ele se fará necessário”, completa.

Para Dora o importante é o nível de aprofundamento e compreensão do conteúdo. “Quando você foca apenas no ‘bizu’ da questão (dicas, modelos), basta mudar a ordem do raciocínio para complicar. Já quando você compreende o conceito, a questão pode vir em qualquer ordem e você conseguirá interpretá-la e fazer a escolha certa”, explica. “É fazer gol de qualquer ângulo, é isso”, compara.

A dica de Dora para quem vai fazer concurso é que seja curioso. “Formule sua opinião sobre assuntos variados, se referencie nos grandes mestres, leia muito, escolha a área com que tem afinidade, pesquise, e faça cursos complementares”, enumera. Para a reta final de estudos antes da prova, Dora aconselha o foco nos estudos. “Talvez Atualidades e Legislação sejam pontos importantes”, especula.

No entanto, além de estudar sempre, a grande dica de Dora para os concurseiros, se divide em três etapas: “Tenha atenção para as suas escolhas e, uma vez escolhido, vá para ser o melhor e não o mais ou menos; Tenha atenção para as suas atitudes, nenhuma palavra é tão forte quanto o exemplo; Tenha atenção para a sua felicidade, se perceber o trabalho como uma tortura, tenha coragem de não se aprisionar”.

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